TÓQUIO - A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina nuclear
de Fukushima Daiichi, atingida por uma tsunami em março, informou hoje
que está considerando despejar a água que foi tratada para contaminação
radioativa no mar, a partir de março. O anúncio gerou protestos de
grupos de pescadores da região, distante 240 km da capital Tóquio.
Apesar disso, o governo pode estar considerando injetar US$ 13 bilhões
na companhia.
De acordo com a empresa, o espaço para armazenamento da água já está acabando devido ao influxo da água no solo. Nós gostaríamos de aumentar o número de tanques para acomodar a água,
mas vai ser difícil fazer isso indefinidamente - disse o porta-voz da
Tepco, Junichi Matsumoto, a repórteres. Ele contou que a usina vai
atingir sua capacidade de armazenamento (cerca de 155 mil toneladas) por
volta de março.
A Tepco pretende estudar novos meios possíveis
para lidar com o resíduo radioativo - que cresce a um ritmo entre 200 a
500 toneladas por dia - e vai apresentar as propostas para a aprovação
da agência reguladora de energia nuclear do governo. Representantes de
uma federação nacional de cooperativas pesqueiras visitaram nesta
quinta-feira a sede da Tepco, em Tóquio, para protestar.
O
governo não deveria, e não deve, aprovar um plano permitindo que a Tepco
despeje água tratada no mar - diz Kenji Sumita, professor emérito da
Universidade de Osaka, especializado em engenharia nuclear - A realidade
é que esse depósito semipermanente é a única solução disponível diante
das limitações tecnológicas atuais. A Tepco deve encontrar um espaço de
armazenamento e buscar uma inovação tecnológica nos próximos anos que
permita condensar e reduzir o volume da água contaminada.
O
reconhecimento dessa dificuldade é um passo atrás para a empresa, que
parece estar progredindo em seu processo de limpeza. A Tepco construiu
um sistema de resfriamento que não requer mais o bombeamento de grandes
quantidades de água, além de outro mecanismo, baseado em tecnologias da
França, EUA e do próprio Japão, para descontaminar uma grande piscina de
água que abastecerá o sistema de resfriamento.
A empresa disse
estar avaliando o potencial impacto ambiental de jogar fora a água que
estava acumulando na usina, mas se for obrigada a tomar essa decisão,
despejaria a água que tiver o menor efeito no ambiente. A água
contaminada com radiação é resultado do processo de resfriamento dos
reatores nucleares - que foi feito, em sua maior parte, com água
coletada do oceano. O resfriamento foi necessário para evitar o
superaquecimento dos reatores após o derretimento das barras de
combustível.
Nossa prioridade é procurar maneiras de limitar a
fluxo da água subterrânea nos prédios da usina - afirmou o porta-voz da
Tepco.
Em abril, a empresa despejou mais de 10 mil toneladas de
água contaminada com baixos níveis de radiação para abrir espaço para
água com níveis de contaminação mais altos, sendo alvos de críticas dos
vizinhos Coreia do Sul e China.
Governo japonês pode estatizar Tepco
Fontes
da agência Reuters disseram nesta quinta-feira que o governo do Japão
pode injetar US$ 13 bilhões na Tepco, nacionalizando a empresa. Além dos
fundos públicos, o governo japonês e a Tepco também podem buscar
empréstimos adicionais em bancos, de acordo com as fontes.
Fonte: http://oglobo.globo.com