Pode beber água da chuva? Pode, mas
não é a opção mais saudável. Como as gotinhas se formam na
atmosfera, elas captam todos os gases que estão ao redor, até mesmo os que
formam poluição como amônio (decomposição de matéria orgânica), espécies
de nitrato, sulfato e ácidos orgânicos emitidos pela queima de combustíveis.
Além
disso, a água traz consigo poeira e fuligem (fumaça preta) que encontra
pelo caminho ao cair. Mas esse tipo de chuva é mais comum em cidades grandes, como São Paulo. No campo, em
geral, é rica em cálcio e potássio que vêm da evaporação do solo. Já onde há
praia, tem sódio, que evapora com o sal do mar.
Beber
chuva não faz mal para o sistema digestivo, mesmo que seja da cidade. Em geral,
os elementos poluentes prejudicam mais se forem inalados, atacando o sistema
respiratório. O maior perigo é a forma como a água é coletada. Se passar pelo
telhado, por exemplo, pode trazer fezes de pássaros e demais sujeiras que
estiverem por lá.
Por isso,
a água do filtro é muito mais confiável. Além de passar por estação de
tratamento, que a deixa livre de substâncias e organismos que podem fazer mal,
ela contém minerais dissolvidos, importantes para o organismo.
DE ONDE VEM? - O vapor de água que vem dos rios, mares e lagos,
passeia pela atmosfera até chegar bem alto, onde é muito frio. Em seguida, se
transforma em gotículas de água tão leves que flutuam e formam a nuvem.
Conforme se juntam, ficam cada vez maiores até formar a gota de chuva. Ela fica
tão pesada que deixa de flutuar e cai. Quando a temperatura dentro da nuvem
diminui muito, a água congela, formando pequenas pedras de gelo que caem como
granizo.
Qual o caminho?
A água
que chega até nossas casas vem de mananciais - rios, lagos e lençóis freáticos
(água que fica em baixo da terra) que não estejam poluídos - e vai para
a estação de tratamento. Lá, recebe cloro, cal ou soda, sulfato de alumínio e
cloreto férrico para eliminar substâncias ou organismos nocivos à saúde.
Em
seguida, passa por grandes tanques que separam o lixo e depois por estruturas
de pedra, areia e carvão, que retém o resto da sujeira. Antes de ser
distribuída, recebe mais cloro para garantir que está livre de bactérias e
vírus. Depois de tratada, vai para o reservatório do bairro e entra na rede de
distribuição para chegar até a casa.
Sem água limpa
Quando
não tinha sistema de distribuição de água, as famílias usavam do rio e da
chuva. Mas, como não havia tratamento, muitos adoeciam por ingerir
microorganismos. Por isso, por volta de 4 mil anos atrás, a água começou a ser
fervida, o que mata bichos microscópicos, e o filtro de areia passou a ser
usado para tirar impurezas, como barro e folhas. Milhares de anos mais tarde, o
homem construiu bombas para levar água à poços próximos de vilas e cidades.
Entretanto, não era tão seguro. Em 1854, muitos ingleses morreram ao coletar
água de um poço de Soho, na Inglaterra, que estava contaminado com a bactéria
do cólera. A tragédia serviu para iniciar o sistema de filtragem e distribuição
no país.
Saiba Mais
Dá para
usar chuva para irrigar plantação, lavar roupa, quintal e carro; o ideal é
coletar a água depois de um tempo, já que as primeiras gotas podem estar sujas.
Se fosse
limpo, o rio Tietê, que corta São Paulo, poderia abastecer milhões de
habitantes, mas virou tipo de esgoto ao receber poluição por mais de 100 anos.
Elias
Sebastião Ferreira Júnior, 10 anos, de São Bernardo, ficou em dúvida se a água
da chuva é potável quando a colega da escola perguntou. "Disse que devia
ter gosto ruim, por isso nunca tive coragem de experimentar." O garoto acredita
que não faz mal, mas tem de tomar cuidado ao coletar para não passar por
telhados e árvores. "Senão vem com sujeira".
Consultoria
da Sabesp, do Semasa e de Adalgiza Fornaro, do Departamento de Ciências
Atmosfericas da USP.
Fonte: http://www.dgabc.com.br
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