Rede de esgoto é artigo de luxo numa das maiores favelas do
país
Esgoto a céu aberto, ratazanas, ausência de água encanada
nos pontos mais altos da favela e muita
miséria. Depois da ocupação da favela da Rocinha pelas forças de segurança no
domingo, o principal desafio do governo agora é combater o abandono ao qual
foram submetidos os moradores da comunidade na Zona Sul carioca durante três
décadas.
Nas localidades conhecidas como Macega e Roupa Suja, onde,
segundo moradores, vivem mais de 200 famílias, o cenário é de total abandono.
Depois de subir de carro ou motocicleta até o pé do morro, uma caminhada de
mais 20 minutos leva às construções mais pobres da favela de mais de 120 mil
habitantes. Além de muitos barracos de madeira, inúmeras residências de
alvenaria dão o contraste entre quem vive na parte baixa e alta.
Enquanto na subida da Rocinha os moradores queixam-se dos
emaranhados de fios de energia elétrica, na parte alta da favela os problemas
vão muito além. Água enganada é artigo de luxo. Também não há rede de esgoto. A
proliferação de ratos e baratas assusta os visitantes e jornalistas.
"Quando puxo a corda da descarga do banheiro da minha
casa, vai tudo para o valão da rua. Sem rede de esgoto, é muito comum os ratos
invadirem as nossas casas. Tem muita criança que acaba sendo mordida por ratos.
E não adianta usar remédio para matar esses bichos nojentos, porque são
muitos", reclama Celina de Souza, 60 anos.
Segundo a moradora, a ocupação da favela pelas forças
policiais reacende a esperança de que a coleta de lixo seja intensificada e
atenda às necessidades da comunidade."Os caminhões da
Comlurb passam de duas à três vezes por dia, mas isso não atende à toda
a comunidade", conta Celina.
"Teleférico atrai turistas, mas não acaba com os ratos
e baratas que invadem as nossas casas. Precisamos urgentemente de uma rede de
água e esgoto. Teleférico é para depois", reclama Luzia Olímpio, 53 anos.
A aposentada Jurema Carvalho de Oliveira, 58 anos, vai no
mesmo sentido:
"Temos famílias que só sobrevivem com doações
arrecadadas pela própria comunidade. Para que vamos querer um plano inclinado e
um teleférico? Queremos é que o PAC não se limite apenas à parte de baixo da
favela, mas também à área mais carente. Lá no alto do morro está quem realmente
precisa de ajuda", desabafou.
Fonte: Jornal do Brasil on line
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