Baixo
nível da água, pouca oxigenação e escassez de chuva preocupam
autoridades ambientais, que estudam medidas para reduzir prejuízos aos
peixes e garantir abastecimento.
A expedição a bordo do barco Martin Pescador (foto) foi liderada pelo
prefeito Ary Vanazzi (PT), presidente do Consórcio Público de
Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos).
Em novembro, o nível da água foi o mais baixo para o período desde
1974. O esforço agora é para garantir o abastecimento dos 32 municípios
da região, que tem 2 milhões de pessoas. A preservação da biodiversidade
também preocupa. Peixes são encontrados mortos desde o mês passado.
Na última sexta-feira, dia 02, o Serviço Municipal de Água e Esgoto
de São Leopoldo (Semae) mediu 1,30 metros, do solo à superfície, na base
de captação de água bruta. Na quarta, o nível atingiu a menor medida
desde que o órgão faz o controle: 90 centímetros. Já a Comusa – Serviços
de Água e Esgoto de Novo Hamburgo registrou na sexta 2,26 m. Durante a
semana, o nível chegou a 2,13 m, também considerado recorde.
A quantidade de oxigênio dissolvido na água no trecho leopoldense na
sexta-feira estava e 1 miligrama por litro, quando o mínimo aceitável é 2
mg/L. Com a baixa vazão da água, a temperatura aumenta, a concentração
de efluentes químicos e domésticos é potencializada e a capacidade de
autodepuração reduzida. Isso causa desoxigenação e os animais não
resistem.
Segundo a unidade de Campo Bom do 8º Distrito do Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet), em novembro choveu pouco mais de 15 milímetros
no Vale do Sinos e a média para o mês é 135 mm. Desde 1985 não era
registrada uma escassez tão grave em um só mês.
Para que o rio retome o nível normal seria necessária uma chuva de
pelo menos 100 mm em toda a bacia hidrográfica, o que não é previsto até
o fim do ano. Em Novo Hamburgo, um sistema de racionamento suspende o
abastecimento em alguns bairros durante a madrugada e em São Leopoldo o
desperdício de água poderá gerar multa.
Para o biólogo Jackson Müller, assessor de meio ambiente do
Ministério Público Estadual, o Sinos está morto. Ele chega a comparar a
situação com o Rio Tietê, em São Paulo, o mais poluído do Brasil. “Ainda
é cedo para uma avaliação sobre os prejuízos causados pela seca, aliada
a poluição. Mas se continuar assim vai seguir morrendo peixe ao longo
do verão”, afirma o biólogo.
Aeradores começam a funcionar
Dois
aeradores começaram a funcionar entre quinta e sexta-feira para
movimentar a água e melhorar a oxigenação. Um deles nas proximidades da
ponte 25 de Julho, no Centro de São Leopoldo (foto), e outro a cerca de
um quilômetro do Instituto Martin Pescador, responsável por viabilizar o
equipamento.
“Até terça-feira devemos ter mais um funcionando. Estamos dependendo
de viabilizar a geração de energia”, diz Henrique Prieto, presidente do
instituto.
Ary Vanazzi antecipa que o Pró-Sinos tenta agenda esta semana com a
direção da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) para voltar a
avaliar o aumento da vazão do sistema de transposição de água do Rio Caí
para o Sinos. A medida foi descartada há 10 dias para não comprometer o
abastecimento em nenhuma região.
O consórcio vai intensificar a articulação com a Fundação Estadual de
Proteção Ambiental (Fepam) para fiscalizar o lançamento de produtos
químicos em excesso pela indústria. A Fepam já reduziu em 30% o limite
de efluentes até que o nível do rio se recupere.
Arrozeiros voltam a captar água
Desde sexta-feira, produtores do Vale do Sinos
voltaram a captar água do rio para a irrigação das lavouras de arroz. “O
mesmo acordo que suspendeu a coleta permitiu que ela fosse retomada”,
explica Silvio Klein, presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos).
Até março, sempre que o manancial baixar a menos de 50 centímetros da
bomba do Semae, 60 centímetros na Comusa e 70 centímetros na Corsan, em
Campo Bom, a coleta deve ser suspensa. Vanazzi considera o acordo
insuficiente para garantir o abastecimento na região e diz que o
Pró-Sinos vai sugerir ao governo do estado o financiamento de açudes
para os arrozeiros para diminuir a captação do rio.
FOTOS: Felipe de Oliveira / novohamburgo.org
Fonte: http://novohamburgo.org
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